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Bailarinas da Gorongoza

Fim de tarde na Gorongosa

Luz morna

Temperatura cor laranja

Cheiros imensos

Atmosfera mágica e envolvente

Sentidos apurados

O cenário que mexia comigo e me transportava para outra forma de vida

O chip pára

silencia no silêncio

As bailarinas quietas olhavam-me atentas,

inquietas,

com receio de algo

eu olhava no olhar de cada uma destas belas criaturas

Suavemente agrupadas esperando,

na intuição levada pelo momento,

pelo som,

pela cor,

sei lá pela mais genuína sensação que só elas sentem

e que nos ultrapassa

e nos paralisa perante tanta altivez ao pé de tanta,

a nossa pequenez.

É o momento

Lentamente mergulham numa passada...

na travessia daquele pequeno riacho que as levará á outra margem

Uma a uma

Duas a duas

Uma em quatro e por fim todas

O bailado acontece

Num movimento que nos inebria

beleza de movimento

beleza aquele momento

finalmente atingem de novo a sua plataforma de segurança

E agrupam-se

Naquele jogo profundo de simbiose que só a natureza consegue reproduzir

e em corpo de bailado em tão belas posições

ficam, olham-me paradas

Qual lago dos cisnes

perante tão magistral corpo de bailado

de bailarinas impalas

da Gorongosa

Sob o suave algodão

como pano semi transparente que recobre um cenário

que me marcou para a eternidade...

o coração bate

Esboço um sorriso de dentro que transborda a vontade intimista de querer no meu âmago pertencer aquele lugar.

Despeço-me até sempre...

Clara Ramalhão

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